quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

10 mentiras que você acreditou

Lendas que passam de gerações para gerações e que você acaba acreditando...

1. Não pode entrar nas piscina depois de comer!
Por que é mentira: Pode reclamar de barriga cheia! Entrar na piscina para se refrescar depois de comer não faz mal nenhum, exceto, é claro, se a água estiver numa temperatura extrema — muito gelada ou escaldante. O que pode ser perigoso é, até duas horas após a refeição, sair nadando feito um louco. A atividade física intensa faz o sangue, que deveria se concentrar na digestão, ser deslocado para acelerar os músculos, o coração e a respiração.
(!) Se o problema não está na água, e sim na atividade física, é claro quetomar um bom banho de chuveiro após as refeições também está liberado.

2. Sai de perto da TV, que estraga a vista!
Por que é mentira: A luminosidade e os raios emitidos pela telinha, de perto ou de longe, não causam danos permanentes nos olhos de ninguém. O máximo que pode rolar, momentaneamente, é um cansaço da vista ou um ressecamento do globo ocular, porque a pessoa "vidrada" na programação acaba diminuindo a freqüência das piscadas.
(!)Ler com pouca luz ou dentro de um carro em movimento pode até causardor de cabeça, tontura e outros desconfortos, mas também não estragaa capacidade de visão.

3. Se você não ficar quieto, a caxumba vai descer!
Por que é mentira: A caxumba em geral se manifesta pelo inchaço das parótidas, glândulas salivares que ficam abaixo da orelha. Ela realmente pode atacar outros tecidos, inchando também os testículos e dando a impressão de que a inflamação "desceu". Mas isso só rola se o sistema imunológico da pessoa estiver fraco. Desde que não debilitem o sistema imunológico, os exercícios físicos estão liberados.
(!)Pouca gente sabe, mas a caxumba pode atacar diretamente os testículossem se manifestar nas parótidas, ou seja, sem deixar a pessoa com aquelas típicas bochechas inchadas.

4. Chega de usar esse videogame!
Por que é mentira: Essa lenda cheira mais a disputa pelo controle remoto... Os jogos eletrônicos desgastam a TV na mesma medida que novelas, partidas de futebol, telejornais... Ou seja, qualquer programação que mantenha o monitor ligado. Quanto maistempo ele permanecer funcionando, mais cedo virão os problemas técnicos.
(!)Imagens estáticas exibidas por muito tempo podem "queimar" a telinha, deixando marcas permanentes. Mas isso vale tanto para games com contadores de pontos fixos como para canais de TV que exibem sua marca no canto da tela.

5. Se você tomar friagem vai ficar gripado!
Por que é mentira: Gripes e resfriados são doenças respiratórias causadas por vírus que podem ser contraídos pelo ar ou por contato direto entre as pessoas. Até hoje, nenhum estudo provou que seres humanos submetidos a baixas temperaturas — a popular "friagem" — correm mais riscos de contrair essas doenças.
(!)Esse mito pode ser explicado porque, em dias mais frios, as pessoas passam mais tempo aglomeradas em ambientes fechados, o que facilita a contaminação. Além disso, alguns tipos de vírus da gripe se multiplicam mais no inverno.

6. Comer chocolate dá muita espinha!
Por que é mentira: Alguns estudos até associam uma dieta rica em açúcar com o aparecimento de espinhas, mas não há nada especificamente condenando o chocolate.Além disso, a predisposição genética e as alterações hormonais - comuns na adolescência e em momentos de estresse - é que são os principais responsáveis pelas espinhas.
(!)Essa lenda pode ter surgido porque muitas pessoas tendem a consumir mais chocolate nos períodos em que estão mais tensas ou ansiosas — situações em que os hormônios ficam mais à flor da pele, estimulando as espinhas.

7. Passa um pouco de gelo nessa queimadura!
Por que é mentira: Poucas mães acertam na hora de dar conselhos sobre como tratar uma queimadura. Em contato prolongado com a pele, o gelo também queima. Além disso, ele pode grudar e descolar a pele que protegeria o local atingido. Pasta de dentes, manteiga e qualquer outro produto caseiro também devem ser evitados.
(!)Em queimaduras leves, a melhor indicação é usar água fria para resfriar o local queimado e evitar a formação de bolhas. Pode ser água corrente, numa bacia ou em compressas.

8. Se não usar óculos, seu grau vai aumentar!
Por que é mentira: A progressão ou estabilização do grau de deficiência visual acontece naturalmente e varia de pessoa para pessoa. Usar ou deixar de usar óculos não interfere nesse processo. As lentes só servem para corrigir as falhas oculares que atrapalham a formação da imagem.
(!)Os óculos para estrabismo ("vesguice") educam os olhos a corrigir os movimentos descoordenados. Nesse caso, a falta de uso pode resultar numa acomodação permanente da visão com problemas.

9. Quem está com dor de garganta não pode tomar sorvete!
Por que é mentira: Não caia nessa fria! A inflamação da garganta, que em geral aparece junto com gripes e resfriados, é causada por vírus - e, em alguns casos, por bactérias - que não têm nada a ver com um delicioso sorvete. Pelo contrário! Se a irritação da garganta estiver incomodando muito, um sorvetinho bem gelado até ajuda a aliviar a dor.
(!)Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete, o brasileiro consome em média 2,7 litros de sorvete por ano - só um décimo do consumo per capita da Nova Zelândia, país líder no ranking mundial.

10. Se engolir o chiclete ele gruda no estômago!
Por que é mentira: Digamos que essa não passa de uma meia-verdade... Graças ao muco das paredes estomacais, o chiclete não fica grudado ali. A tendência é que ele saia junto com as fezes. Mas, se você engolir muitos chicletes, pode dar o azar de eles obstruírema saída do estômago ou do intestino. Aí, o jeito é apelar para uma cirurgia...
(!)O maior prejuízo que o chiclete provoca no estômago é que a mastigação constante "engana" o órgão: ele acumula suco gástrico à espera de um alimento. Como a comida não vem, esse suco acaba irritando as paredes estomacais, podendo causar uma gastrite.

Fonte: Revista Mundo Estranho - Edição 62

Por Marcos Montenegro

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Você já foi discriminada (o) por ser homossexual?



Olá galera. Essa semana eu conversei com duas pessoas muito interessantes que me contaram algumas experiências de discriminação que já sofreram em relação a sua opção sexual.
Quem quiser, pode ficar a vontade para contar para a gente a sua experiência.

NÃO A HOMOFOBIA

Você já foi discriminada(o) por ser homossexual?

Muitas vezes com certeza. Uma das últimas foi: eu vinha andando na rua e vi um casal vindo em uma bicicleta e por a rua ser esburacada fastei um pouco para que eles passassem. Quando passaram por mim, o homem disse: "sai do meio sapatão!". Nossa, fiquei tão chateada e irritada com aquilo, que até hoje não consigo esquecer a cena. Pior que ser discriminada por uma coisa é ser discriminada duplamente. Há uns 10 anos, quando meu time de futsal (feminino) estava começando, nós fomos treinar na quadra da nossa comunidade e por diversas vezes os meninos (crianças e adolescentes homens) nos apedrejaram. Jogavam areia, pedras e lixo no meio da quadra para nos impedir de jogar. Era terrível! E faziam isso dizendo uma série de grosserias que não valem à pena ser ditas. As clássicas que não podiam faltar eram: "Vão lavar roupa e pilotar o fogão de vocês que é coisa de mulher!", "Vocês merecem é apanhar pra aprender a gostar de homem!" Tudo porque somos mulheres e lésbicas. Tivemos que superar muitos preconceitos para conquistar nosso espaço, nosso direito. Hoje àquelas crianças (agora adolescentes) que nos reprimiam jogam junto conosco na mesma quadra. Mas, não foi fácil.
Jovem, de 26 anos.

Você já foi discriminada(o) por ser homossexual?
Sim, várias vezes e em vários lugares diferentes. As primeiras vezes que eu sofri discriminação foi da minha própria família, principalmente dos homens (meu avô, meus tios...). Eles não gostavam do tipo como eu me vestia, dos meus cabelos, do meu jeito de falar e do meu comportamento. Eles sempre falavam: "Deixa disso, menino, vai virar homem". Já os meus pais, eles se faziam de cego, quando constataram que eu era homossexual, eles aceitaram numa boa, só tinham medo da discriminação que eu ia sofrer fora de casa. Hoje em dia, eu sofro preconceito através dos olhares na rua, em ônibus, e até mesmo piadas de mal gosto que algumas pessoas soltam no meio da rua. Em relação a oportunidades de trabalho, eu também sofro discriminação. Quando vou atrás de emprego, eles olham o meu currículo, acham ótimo, mas na hora da entrevista, eu não sou classificado e eu tenho certeza que tenho muitas habilidades. Hoje em dia, eu não procuro mais trabalho em empresas formais, acho que o mercado dito como informal me dá mais espaços. Eu não me identifico com uniformes masculinos, não me sinto bem com isso.
Jovem, de 23 anos.

Por Clarissa Diógenes

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Sobre livros...









Todos nós, nem que seja um pouquinho, gostamos de ler. Não há como uma pessoa que saiba ler não goste de se debruçar sobre um livro novo, de comê-lo inteirinho, degustar todas as suas palavras. E quando você o folheia pela primeira vez, ao sair da livraria onde o comprou? Parece que se não tiver o mínimo de cuidado ele irá se desintegrar em suas mãos. É assim que me sinto cada vez que tenho um livro o qual nunca li. O livro tem o poder de nos enfeitiçar, de nos levar a outro plano, a outra dimensão. Tem o poder de nos fazer imaginar as ações dos personagens, ouvi-los, criar vozes imaginárias para eles. O quão saboroso é ler!

Há um tempo atrás, ouvi alguns contos para rádio. Achei lindo como as atrizes e atores se entregam à leitura, e como nos passam exatamente o sentido do texto, através apenas de suas vozes. Dentre eles, ouvi este que me fez pensar sobre todos os livros que li, sobre aqueles que gostaria de ler e, principalmente, sobre o prazer com que leio.


Boa leitura!


FELICIDADE CLANDESTINA



Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía "As reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.


Clarice Lispector. In: "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998




Por Amanda Nogueira, Virajovem do Ceará.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Só mais cinco minutinhos...

Seis horas da manhã. Lá fora, chuva. A cama e o lençol confortável abrigam meu sono e meus sonhos. O despertador toca. Ou eu sonhei que o despertador tocava? Continuo dormindo. Mais uma vez escuto aquele sonzinho agudo. Agora parte de mim acorda. Olho a hora, digo alguma coisa que nem eu mesma sei e volto a dormir. E continuaria dormindo se não fosse pelo meu outro despertador, que não tem um botãozinho pra desligar. "Menina acorda, vai chegar atrasada. Depois fica aí reclamando. Acorda". "Minha filha levante. Me ajude aqui a arrumar a mochila do seu irmão".
Droga... só queria dormir mais um pouquinho, só mais um pouquinho... Quer saber? Vou continuar dormindo. Vou pra aula hoje não. O pior é que hoje tem alguma coisa importante pra fazer. Já sei, vou faltar só o primeiro tempo. Vixe, mas será que eu já tenho muito falta? Melhor não arriscar. Tem jeito não, vou ter que acordar. E esse é o meu primeiro pensamento do dia. Depois me passam pela cabeça outras coisas, que na verdade são sempre as mesmas: a aula devia começar pelo menos 8:30, uma horinha a mais dormindo iria ser tão bom. Ainda bem que no sábado eu vou poder dormir até mais tarde. Tomara que chegue logo o final de semana. Todo dia devia ser sábado e domingo. Melhor ainda! A semana podia ter dois dias e o final de semana ficava com outros cinco, só pra gente poder dormir. E quando me vejo já estou pegando no sono de novo, me aconchegando na minha cama, até que aquele despertador, que nunca desliga, entra novamente em ação: "anda mulher, levanta". Aí eu levanto.
E todo dia é a mesma coisa. A melhor hora dia, quer dizer, da noite parece que passa num piscar de olhos e é na melhor parte do sono que eu tenho que acordar. Bem na hora do principe beijar a princesa ou de eu ganhar um milhão de reais no meu sonho, o bendito despertador desperta. Ô maldade! Nem em sonho eu posso ficar rica? Eu queria dormir só mais um pouquinho...

Por Regina Paz - Vira-jovem do Ceará


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Tráfico de vidas

Praias, grande potencial turístico, estradas, rodovias, tudo isso há nos principais estados do Brasil. E como tudo tem o seu lado bom e o seu lado ruim, em relação às “belezas” existentes no Ceará, por exemplo, não é diferente. Obviamente que é ótimo atrair turistas para aumentar a renda do estado. Obviamente também que nem todo turista traz lucro para a cidade que o acolhe.

Realidade

O turismo sexual é um dos fatores mais preocupantes que envolvem a criança e o adolescente contemporâneos. De acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT), turismo são as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanências em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros. Acontece que alguns turistas exercem seu papel incorretamente. Geralmente, esses são os que saem de sua terra natal justamente por terem cometido práticas ilícitas no país de origem. E, em busca de uma atividade que proporcione lucro e prazer para si próprios, escolhem o turismo sexual como fonte de riquezas pessoais. Segundo o relatório do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes na América Latina e Caribe, turismo sexual é a exploração de meninos, meninas e adolescentes por visitantes, em geral, procedentes de países desenvolvidos ou mesmo turistas do próprio país, envolvendo a cumplicidade por ação direta ou omissão de agências de viagem e guias turísticos, hotéis, bares lanchonetes, restaurantes e barracas de praia, garçons e porteiros, postos de gasolina, caminhoneiros e taxistas, prostíbulos e casas de massagem, além da tradicional cafetinagem. Tão concreto é o fato, que esses turistas sempre arranjam algum jeito de estabelecer-se no Brasil, seja tendo filho com alguma brasileira, seja casando-se com elas ou até estabelecendo algum empreendimento comercial “lícito”.

Nada de relacionamentos ocasionalmente amorosos, duradouros, com alguém que resida na terra escolhida pelo turista. Fala-se de um sistema catastrófico que deve ser combatido. Pode-se afirmar que a noção de superioridade do colonizador é transferida para a relação existente entre o turista e a “nativa”. Já que o colonizador é o dono, o colonizado tem mais é que obedecer e aceitar as imposições do chefe. É possível? Claro! A grande expansão, urbanização, das cidades fez com que surgissem periferias que servem como abrigo para pessoas que imigram da zona rural para a urbana em busca de oportunidades. Logo, por não haver, ficam sujeitas a todo tipo de exploração. Os cafetões se aproveitam da ingenuidade dos desfavorecidos social e economicamente para iludi-los, prometendo condições melhores de vida caso aceitem fazer sexo com futuros clientes.

Pelo fato de o Nordeste ser a região mais alvo de desigualdades, é o local mais procurado pelos estrangeiros para praticar o tráfico de crianças e adolescentes com o intuito destes oferecerem sexo para italianos e holandeses principalmente.

Todo o quadro de exploração e turismo sexual de crianças e adolescentes é resultante de um descaso que torna essas pessoas vítimas de opressão e desigualdade. Na primeira gestão do presidente Luis Inácio Lula da Silva, uma de suas promessas era acabar com a exploração sexual de crianças e adolescentes. Entretanto, os números ainda são revoltantes. O Brasil está em segundo lugar no ranking mundial de turismo sexual; a Tailândia é a campeã até agora. Renato Roseno, advogado que atua na área dos Direitos Humanos, afirma: “o Brasil tem 5.562 municípios e menos de 10% deles têm políticas públicas para atender às vítimas de violência sexual. Outro exemplo: em todo o território nacional só há varas especializadas em crimes contra crianças em quatro estados: Salvador, Recife, Fortaleza e Belém. As delegacias de combate à exploração da criança e do adolescente também não passam de duas dezenas”.

É importante lembrar que abuso é diferente de exploração. Quando há proveito de um suposto poder em relação à outra pessoa, tem-se o abuso. Quando há relações de troca, principalmente capitalistas, há exploração.

Crianças e adolescentes não se prostituem, as circunstâncias que as tornam prostitutasJá não é raro ouvir pessoas afirmarem que o Brasil é o país do futebol e do carnaval. Italianos, holandeses, norte-americanos, ingleses, franceses, enfim, não-brasileiros já criaram uma imagem do Brasil: o país da mulher gostosa e dos craques futebolísticos. Para que propaganda melhor do que essa “foto” mental? Qual homem que não gosta de mulher bonita? Qual homem não gosta de futebol? Os turistas buscam mulheres hiper-erotizadas, e é aqui que eles as encontrarão. É claro que muitos têm o Brasil como o paraíso. No entanto, esse paraíso torna-se o inferno quando pessoas mal intencionadas passam a abusar e usar crianças e adolescentes para o tráfico sexual. Essas vítimas são aquelas mesmas vítimas da desigualdade social, vítimas da hipocrisia humana. “Não há consentimento por vontade de fazer sexo.”, afirma Roseno. Essas crianças e adolescentes tornam-se produtos comerciais sexuais por serem ingênuas e, por isso, totalmente iludidas. Elas chegam a pensar que quando chegarem em outros países terão uma vida melhor. Então, quando chegam nesses países, nem direito ao próprio passaporte (que muitas vezes é falso) elas têm. São aprisionadas e totalmente escravizadas. A omissão e hipocrisia de muitas outras pessoas envolvidas indiretamente também ajudam o desenvolvimento da prática do turismo sexual. Aquelas que fornecem hotéis, transporte, alimentação para os traficantes do sexo.

“Não tenho medo de ir embora com alguém que mal conheço. Tenho medo é de passar fome no Brasil”Zé, um taxista que faz ponto em frente a um hotel quatro estrelas da Beira-Mar, diz: “Sou independente, não ganho dinheiro das meninas. Só que tenho amigas. Às vezes, o gringo pede companhia e falo delas. O turista vem usufruir de coisas boas, e mulher é uma delas. Ele gera emprego, faz a sua parte. As meninas são pobres, não têm o que comer. Qual o problema de elas conhecerem alguém que pague coisas boas?” Ingenuidade do Zé pensar assim. Mal sabe ele por que situações essas meninas podem passar. A violência sexual praticada contra as crianças e os adolescentes podem trazer conseqüências gravíssimas. Como problemas de desenvolvimento físico, psíquico, social e moral. Muitas vezes, essas conseqüências são causadoras de outros quadros que preocupam a sociedade brasileira. O uso de drogas, a gravidez precoce, distúrbios de comportamento, infecções por doenças sexualmente transmissíveis são alguns deles.

“Não tenho medo de ir embora com alguém que mal conheço. Tenho medo é de passar fome no Brasil”, afirma uma das muitas garotas que são vítimas da falta de educação e informação. O italiano Francesco, “consumidor” da menina, diz: “drogas e mulheres têm na Europa, mas aqui o sexo é mais barato e fácil”.

As agências que “organizam” as viagens das mulheres geralmente operam pela Internet. Há sites que trazem fotos de mulheres seminuas em posições eróticas, preços das garotas e até mesmo catálogos para determinadas temporadas. Com isso, o cliente pode escolher a menina antes mesmo de chegar ao Brasil. Os pacotes estão na faixa de 2.300 euros. Para escolher a garota basta fazer seu cadastro on-line no site, indicando seu tipo de mulher, informando ainda a faixa etária que deseja e a cor de pele.
Para Iara Brasileiro, Coordenadora do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (UnB), “os dados são preocupantes não só aqui. Numa cidade onde há apenas um caso de exploração, há preocupação porque o número pode aumentar e atingir patamares maiores”. Iara ainda fala que os fatores sociais também são causadores do quadro: “o que nós precisamos é tornar visível este problema e acabar com aquela cultura de que isto é normal. Não é normal porque estamos tratando de crianças, e não de objetos à venda”.
A solução para Edna da Mata, promotora da 12ª Vara Criminal (Crimes contra Crianças e Adolescentes), é uma maior participação da comunidade para combater a exploração sexual. Entretanto, segundo a promotora, o problema não se restringe só à exploração: “também temos que cuidar da questão do abuso sexual. O abuso é o caso intrafamiliar, cometido por parentes ou vizinhos, sem pretensão de lucro”.

Está no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

Art. 244-A. - Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2º desta lei, à prostituição ou à exploração sexual.” “Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa.”“§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo.” “§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento”.

Otimismo

O que vale a pena mostrar são as ações que organizações estão fazendo para combater o turismo sexual. O Brasil tem um plano que tem o intuito de oferecer apoio às vítimas, prevenção e responsabilização do crime: é o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (PNETP). O Unicef também é fundamental na luta contra o abuso e a exploração sexual infanto-juvenil. A Grã-Bretanha é um dos países que se preocupam bastante com o tráfico sexual. Pentameter 2 é o nome da operação criada pelo britânicos para destruir gangues que forçam mulheres e crianças a trabalhar na indústria do sexo. Focando-se no Ceará, há a Associação das Prostitutas do Ceará (Aproce), que desenvolve ações contra a prostituição infantil.

18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. A data foi estabelecida em 2000. O 18 de maio foi escolhido porque foi o dia em que ocorreu um ato de violência revoltante contra Araceli Sanches, em 1973, que abalou a sociedade brasileira. Araceli tinha apenas 8 anos, quando foi estuprada e logo após assassinada em Vitória, Espírito Santo. No entanto, as pessoas não devem ter consciência da gravidade do fato somente no dia 18 de maio de cada ano, e sim todos os dias. Porque todos têm o dever de defender os direitos da criança e do adolescente. Fingir não ver ou não saber do quadro só piora e permite o desenvolvimento dessas quadrilhas que traficam as infâncias brasileiras.

O Ceará ocupa a 13° posição do ranking nacional de denúncias contra a exploração sexual de crianças e adolescentes. As denúncias são feitas pelo “Disque 100”, um serviço de discagem direta e gratuita coordenado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH). Desde a criação do serviço telefônico em 2003, houve mais de 43 mil ligações no país, segundo dados do Ministério do Turismo. Das 43 mil, mais de 13 mil são da região nordestina, sendo 86 ligações de Fortaleza e 21 dos outros municípios cearenses.

Em caso de alguma violação dos direitos infanto-juvenis, todos devem procurar os conselhos tutelares, que são encarregados de zelar pelo cumprimento das crianças e dos adolescentes; as varas da infância e da juventude, que exercem o papel dos conselhos quando não há destes no município; ou ligar para 0800 99 0500, que funciona de segunda à sexta, das 8 às 18h. Não precisa ter medo de denunciar. Milhares de crianças e adolescentes com certeza podem ser salvos por uma denúncia que você faz.

É importante ter consciência de que cada membro da sociedade tem o papel de proteger suas crianças e adolescentes.
Por Marcos Montenegro, ViraJovem do Ceará

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Coração e luta: lembranças de Olga Benário Prestes

Neste mês, uma das pessoas que mais merecem respeito na história da luta revolucionária completaria 100 anos. Por isso, a ViraCeará decidiu fazer uma homenagem à mulher que dedicou sua vida à revolução e a um homem chamado Luis Carlos Prestes.

Munique, 12 de fevereiro de 1908, nasce Olga Benário. Judia, filha de burgueses, não demora a identificar-se com seu destino e logo aos 15 anos entra para o Partido Comunista Alemão. Em 1928, com seus 20 anos de idade, tem sua primeira missão a cumprir: resgatar o namorado e militante comunista Otto Braun da cadeia. Braun é acusado de alta traição à pátria. Cumprida a missão com sucesso, Braun e Olga fogem para a União Soviética, onde fazem um curso de formação política.

O resgate de Otto Braun fortalece o nome de Olga e a torna popular em todos os cantos do mundo. É por isso que consegue seu lugar no Partido Comunista Soviético, o Komintern. Sua popularidade e talento lhe mereceram o cargo de presidente de sua célula no partido.

Chega o dia em que Olga passaria a admirar o secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro, Luis Carlos Prestes. Olga ficara encantada ao saber da "Coluna Prestes": 25 mil quilômetros a pé, enfrentando tropas regulares do governo, sem nenhuma derrota. É claro que Prestes também sabia da existência de Olga e de sua competência revolucionária. É em 1934, na Rússia, que acontece o primeiro contato dos dois. Benário recebe a missão de garantir a segurança de Luis Carlos Prestes em sua viagem ao Brasil. Prestes vinha para derrubar o governo e o governante Getúlio Vargas e, assim, tomar o poder.

Olga e Prestes inicialmente são namorados de mentirinha, para não levantar suspeitas. Eles se passam por Antonio Vilar e Maria Bergner Vilar. Tal disfarce fez ambos se aproximarem cada vez mais. Chegam ao Brasil em 1935 e começam a estudar, junto com outros militantes, a tomada do poder. Tudo na clandestinidade, claro. Até que em novembro de 35, um levante armado estoura em Natal e Prestes toma a decisão de estender o movimento para o resto do país. Porém, o movimento falha e o governo começa a repressão aos comunistas.

Olga e Prestes são encontrados em março do ano seguinte. Soldados e policiais são ordenados a avançar com suas metralhadoras engatilhadas. Fiel a sua função de guarda-costas, Olga pula na frente de Prestes quando vão matá-lo: "Não atirem! Ele está desarmado!" Frase que salvou o líder comunista brasileiro. Os policiais apreendem os dois, mas Olga não deixa que os levem separados. Agarrada ao enfim marido, a revolucionária não se separa de Prestes em momento algum. Até que, na cadeia, são colocados em celas distintas.

Olga está grávida. Começa então a sua luta para ter a filha no Brasil. A esposa de Getúlio foi um dos alvos de apelo, mas tudo em vão. Em vingança ao inimigo político, Getúlio Vargas manda deportar a gestante para a Alemanha em seu sétimo mês de gravidez. Na cadeia de Gestapo, em novembro de 36, nasce Anila Leocádia, que fica com a mãe até acabar o período de amamentação. Aos 14 meses, Anila é retirada de Olga e dada a sua vó paterna. A família materna da criança rejeitava Olga.

O sofrimento não acaba e, em 1938, Olga é transferida para outro centro de concentração, desta vez em Lichtenburg. Em 1939, vai para outro campo, o de Ravensbrück. Seu talento em liderar não desaparece nem nas horas mais difíceis. Olga, na prisão, lidera seu bloco e dá aulas para as outras presas, pregando sempre o otimismo. Sem esquecer-se da filha e do marido. Em 1942, no dia 12 de fevereiro, em uma câmara de gás de Bernburg, acaba o sofrimento de Olga para sempre. Ela morre, mas, antes disso, faz uma carta de despedida para Prestes e Anila, seus amores eternos.

Olga foi embora, mas deixou uma mensagem importante para nós que representamos a esperança desse país: temos a obrigação de lutar por amor e fidelidade ao que nos tem valor.
Por Marcos Montenegro, ViraJovem do Ceará

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Infra-estrutura da cidade ainda precisa de melhorias

Uma das temáticas abordadas pela Conferência foi sobre o esporte, lazer e tempo livre. A idéia é a elaboração de propostas benéficas voltadas para a juventude fortalezense que tem o direito de acesso ao esporte gratuito, bem como ao lazer.
A população foi chamada ao evento e marcou presença. Participaram do encontro pessoas que já fazem parte de alguma entidade com trabalhos esportivos e pessoas da sociedade civil que chegaram com idéias para o bem comum de todos. Cada um teve direito a expressar suas idéias, opiniões e propostas para discutir a melhoria das atividades esportivas.
Um dos assuntos mais discutidos foi sobre a deficiência da infra-estrutura da cidade de Fortaleza como, tais como ausência de espaços urbanos para a prática de esportes diversos e lazer, falta de espaços públicos para a diversão e espaços alternativos para o lazer, reformas nos espaços já existentes. Outros problemas apontados foram a falta de apoio ás organizações e ligas esportivas.
Todos estavam lá com um único objetivo: encontrar soluções. E foi com esse pensamento que a galera “soltou o verbo” e levantou suas idéias.
Segundo a organização da Conferência, essas propostas irão sair do papel em até dez anos. O que nos resta é reivindicar e claro torcermos para que os jovens fortalezenses tenham os seus direitos exercidos.
Certamente, a I Conferência Municipal de políticas públicas de Juventude demonstrou mais claramente o exercício de cidadania e democracia em nossa cidade.

Fique de olho nas propostas do Grupo de Discussão "Esporte, Lazer e Tempo livre"

  • Esportes alternativos
  • Socializar os equipamentos públicos (praças, quadras, espaço de esporte nas escolas).
  • Apoio as entidades esportivas (projetos esportivos, escolinhas, ligas e campeonatos estaduais)
  • Trabalho de profissionais em conjunto com a comunidade
  • Construir e reformar espaços de esporte e lazer nas comunidades com alto índice de vulnerabilidade social (equilibrar os espaços nos bairros)

Por Vanessa Freitas, Virajovem do Ceará

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Intérprete fala sobre os desafios das pessoas portadoras de alguma necessidade


Eduardo Viana é interprete a cinco anos da linguagem de sinais para pessoas portadoras de deficiências auditivas e trabalha a dois anos no Centro de Apoio aos Surdos.

Viração: Se existe dificuldades? Quais são as dificuldades que os jovens portadores de necessidades encontram no seu dia a dia? Como podemos resolver esses problemas.

Eduardo: Eu acredito no bom senso das pessoas, em que cada um se sensibilizando e se colocando no lugar do deficiente, use a consciência.

Viração: Como é a participação dos jovens com deficiência? É efetiva?

Eduardo: Antigamente, há 10 ou 12 anos, os jovens com algum tipo de deficiência eram guardados em casa. Mas hoje através da televisão e do incentivo da Prefeitura de Fortaleza e do Governo Federal, os jovens com deficiências vão estudar nas escolas e aproveitam os espaços da cidade.

Viração: Você acha que no mundo de hoje existe muito preconceito com os jovens com algum tipo de deficiências?Quais?

Eduardo: Existe sim, por exemplo, a deficiência auditiva. Alguns pais dizem para o filho não ficar perto dos deficientes surdos por que pode atrair a doença para si. E nós sabemos que isso não acontece, isso não existe.

Viração: Jovens com deficiência devem o ter o direito ao passe livre nos transportes coletivos?

Eduardo: Com certeza precisa ter um transporte efetivo e gratuito para eles, levando para a escola, hospital, entre outros lugares. Muitos deles são da periferia e não tem condição. Eu acredito que o Governo Federal juntamente com Prefeitura de Fortaleza podem dar o recurso para que os jovens com deficiência possam ter seu passe livre para ir e vir sem pagar.

Viração: Existe algum local aqui em Fortaleza que possa adquirir um curso de libras para as pessoas aprenderam a linguagem dos sinais?

Eduardo: Existe a instituição que eu trabalho, chamada Cais (Centro de Apoio aos Surdos). Há também a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos.

Mais informações:
Eduardo Viana: (85) 8630.0424
Centro de Apoio aos Surdos: (85) 32646758
Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - Núcleo Ceará - (85) 3283-9126

Por Diego da Silva

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Conferência Fortaleza: Jovens como agentes ativos da política

Já dizia a letra da Banda Donaleda: "vamos valorizar a vida, transformando o amanhã que virá"

Marcos Montenegro, do Virajovem Fortaleza (CE)* (29/01/2008)

Não importa a cor da pele nem a opção sexual. Jovens de todos os cantos se encontram na I Conferência Municipal de Juventude para unir idéias e propor soluções para os problemas que afligem a juventude contemporânea. Mais de 1.300 alunos de escolas públicas, particulares e universidades, de 15 a 29 anos, participaram do evento no Centro de Convenções de Fortaleza, nos dias 15, 16 e 17 de janeiro. A conferência representa uma etapa local para os encontros nacional e estadual que acontecerão neste ano.

O encontro reuniu os jovens para eles analisarem, discutirem e propuserem políticas públicas para a juventude. Essas políticas formarão um plano que norteará as ações do poder público nos próximos dez anos. Uma que vez que, antes, passará pela Câmara Municipal para que o projeto seja analisado pelos parlamentares, que, para Érika, de 16 anos, precisam dar mais atenção aos jovens.

A organização do evento fez grupos de trabalho para orientar o funcionamento da conferência. Foram formados 15 grupos para que os jovens pudessem discutir e propor políticas públicas para resolver ou pelo menos reduzir os quadros que desvalorizam a juventude brasileira. "Este é um grande momento da construção do protagonismo juvenil", afirma a Deputada Estadual e Psicóloga especialista em educação, Raquel Marques.

No primeiro dia da Conferência, gestores públicos e organizadores abriram o evento, apresentando o encontro e estimulado o caráter otimista na platéia. Depois disso, a galera dançou um reggae com a banda Donaleda e um forró com Dorgival Dantas. "A gente tenta incentivar os jovens a lutar pelos seus direitos através das letras das nossas músicas", diz o vocalista da Donaleda, Adread Jó. Na manhã seguinte, os jovens se credenciaram e foram ao auditório assistir às apresentações culturais. Depois do almoço, começaram os grupos de trabalho e o pessoal colocou a mão na massa. No dia 17, último dia de conferência, houve a apresentação do que foi discutido nos grupos e a aprovação ou não dos planos. Além disso, teve também a eleição para os delegados que participarão das conferências nacional e estadual e, para encerrar o evento, grupos culturais se apresentaram.

A Conferência foi organizada pela Coordenadoria de Políticas Públicas para a Juventude e pelas entidades que fazem parte do Conselho Municipal de Juventude.

*Marcos Montenegro, é integrante do Virajovem Fortaleza (CE), um dos 18 conselhos editoriais jovens da Vira espalhados pelos país.
TÁ NA MÃO

Confira mais: Conferência Fortaleza: Infra-estrutura da cidade ainda precisa de melhorias (http://www.revistaviracao.org.br/artigo.php?id=1374)