segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

2007: ano do graffite em Fortaleza


No dia 23 de dezembro de 2007 aconteceu o II Encontro de Graffiteiros de Fortaleza. O objetivo do encontro era a fomentação do graffite e a trocar conhecimentos. O primeiro encontro aconteceu no Centro da Cidade. Aproveitamos a oportunidade para entrevistar os participantes do encontro que praticam a arte de rua.

Viração: O que caracteriza o graffite?

Tubarão – VTS: O formato, as cores, o traço livre e o spray.

Viração: Qual são as formas de graffite?

Tubarão – VTS: Existe o estilo Throw-up que é uma coisa mais rápida, menos trabalhada que a galera no Brasil chama de vomito ou bomb, tem o wild style que uma letra entrelaçada, o 3D que é o estilo trabalhado com efeito de luz e sobra aliado a perspectiva e tem abstrato, são este os etilos que eu vejo no graffite.

Viração: Em 16 anos de Hip Hop no Estado do Ceara o graffite foi elaborado de forma esporádica e nos ultimo três meses de 2007 nós estamos vendo em Fortaleza uma ocupação maior dos graffiteiros nos espaços públicos. Tivemos um evento no Centro e agora em Mesejana. Como foi que estes encontros começaram e como os graffiteiros estão organizados?

Tubarão – VTS: A cena já vem crescendo há mais de três meses. Dois mil e sete (2007) foi o ano do graffiti em Fortaleza. Durante os 16 anos anteriores o graffite não teve impacto e a galera não tinha a empolgação de pintar na rua, as pinturas se resumiam a determinados eventos e um ou dois pintavam na rua, neste ano a galera pegou impulso para pintar, tem muitos artistas novos, e esses novos artistas levaram o graffite para o lugar dele que é a rua. No começo do ano poucas pessoas pintavam. Era apenas eu, o Pingo, Nilson e Nick os caras que pintavam na cidade e após isto começaram a aparece uns trampos e foram vendo novos artistas pintado, daí nós tivemos a idéia de organizar o evento no centro da cidade no qual colou mais gente do que nós esperávamos e dali todos saíram empolgadas ao verem como está a cena em Fortaleza e começaram a realmente pintar. Hoje nós nos organizamos por conta própria. A mobilização para os eventos acontece através da internet e por telefone. O cara de um bairro consegue o muro e os convidados levam suas tintas. Só falta apoio para a compra do material.

Viração: Entre os graffiteiros da New School e da Old School existe um diálogo ou os conhecimentos sobre graffite foram adquiridos através das mídias?

Tubarão – VTS: Cara, acho que as duas coisas. Hoje a New School de 2007 aprendeu com revista, vídeos, internet... Acho que eles ganharam mais conhecimento pintando com os caras mais antigos, não sei se com a Old school de Fortaleza. Os caras da época de 1999 e 2000 passaram técnicas para a nova geração, eles aprenderam na prática e com o tempo foram aperfeiçoando os traços.

Viração: Sabemos que o graffite trabalha desde a década de 70 tem uma ideologia de transformação social denunciando as desigualdades e lutando por uma nova sociedade. Como você ver o graffite atualmente?

Tubarão – VTS: O graffite ganhou uma dimensão gigantesca, você pode fazer trampos comerciais, ele entrou no mercado assim como o Hip Hop, então todo mundo acabou sendo enquadrado no sistema mercadológico, mas ainda tem o lance do protesto, o graffite em si já é um protesto. Ele já vai contra a sociedade. Tem galera que visa só isto, trabalha as injustiças, uns fazem paisagem, outros fazem desenhos abstratos, outros só desenham letras e outros fazem apenas personagens, cada um faz o que quer e vai ao seu estilo. O graffite entrou no mercado e não é errado a galera ganhar dinheiro com isso. Graffite de verdade é só na rua.

Viração: Dentro do universo do graffite, a gente ver muitos homens.Hoje você é a única mulher fazendo trabalho na parede, qual a sensação e o que você diria às meninas que estam lendo esta entrevista e que possam se sentir instigadas a fazer graffite?

Eteia Braga Ramos – Cactus Crew: Cara, é muito bom e eu me sinto bem por está representado as mulheres e espero que elas vejam e se incentivem porque é bacana. Tem que abrir o caminho para a mulherada. O machismo ainda rola. Temos que abrir todos os caminhos, não só no mundo do trabalho, mas também na arte. Que minha atitude sirva de incentivo e com certeza as meninas serão bem vindas.


Paz,amor e liberdade a todos e todas em 2008 e sempre


Texto e fotos por: Cristiano Pereira e Erivania Costa.

Um comentário:

Smol - RAM disse...

'Muito bom o apoio ao Graffiti de Fortaleza que vcs estão proporcionando através dessa entrevista.

Mando um salve pro Nick, fiquem com DEUS.
sorte sempre...